terça-feira, 1 de julho de 2008
Dia 17 Passau - Linz (Áustria)
Hoje é dia de voltar a pedalar. Um trajeto de 98 Km me espera. Resolvi sair mais cedo para poder ir num ritmo mais lento se eu sentir que o nariz ou pernas ainda não estão perfeitos. Coloquei o despertador para as 6:10 para tomar o café da manhã as 6:30. Fui deitar as 23 horas mas com a televisão ligada, assistindo 24 Stunden (24 horas), o Jack Bauer só me deixou dormir as 00:15. O pior de tudo é que eu acordei sem despertador as 5:50.. Enrolei como sempre na cama e fui para o restaurante as 6:50. Tomei um café reforçado que incluiu granola com leite, dois pães com manteiga, uma salada de frutas e umas duas xícaras de café com leite. Fiz o sanduiche que seria o almoço do dia e voltei ao quarto para pegar as malas e descer. As 7:40 eu estava com Number two na rua em menos de um quilômetro eu já estava em território austríaco. Nenhuma barreira ou sinal de mudança a não ser uma placa de bem-vindo à Áustria. O dia estava ensolarado, o céu azul, mas àquela hora da manhã o ar ainda estava frio. Fiquei indeciso alguns quilomêtros entre colocar ou não os manguitos. Para esquentar os braços. Acabei deixando para lá. Eu podia optar por ir a Linz pela margem direita, onde estava agora, ou pela esquerda. A opção foi simples, o hotel já estava na margem direita. Alguns Km depois comecei a olhar com inveja para a outra margem. Enquanto por lá tudo estava planinho, do meu lado, algumas subidas apareciam de tempos em tempos. Quando a ciclovia fica ao nível do Danubio eu estava ao redor de 240m de altitude. Frequentemente tinha que subir 50m de vertical em percursos curtos. A largura do Danúbio fica em torno dos 200m, mas em alguns pontos acredito que ele dobre essa medida. Em quase todo os seu percurso até Linz, aproximadamente 95 Km, ele é margeado por montanhas, ou escarpas, de uns 100 ou 15 m de altura. Em muitos pontos, a escarpa termina no rio, deixando espaço apenas para a ciclovia, que em tempos antigos, servia como estrada, com não mais do que 3 m de largura. Em outros pontos as montanhas se afastavam algumas centenas de metros e davam espaço para pequenas vilas e áreas plantadas. A metade do caminho consegui fazer com o sol ainda baixo o suficiente para que as árvores á minha esquerda me protegessem. Em alguns pontos a escarpa que possuia muitas árvores servia de abrigo. Esse foi um dos melhores dias de pedalada. Talvez por ser o retorno, mas o cenário era belissímo. Não se passava mais do que alguns poucos quilômetros sem que eu encontrasse no alto das escarpas uma torre de vigia, um monastério ou uma fortaleza medieval. Essas fortalezas, muitas delas milenares viram passar exércitos e generais, por aquele caminho legiões romanas percorriam a Via Danubia e Napoleão e Carlos Magno conduziram por ali seus exércitos. Hoje a poderosa fortaleza viu passar um exército de um homem só, não em um cavalo branco como Napoleão e com desejos de conquista muito menores, aquele cavaleiro errante em sua bicicleta negra iria conquistar Istambul, que já foi Constantinopla. Perto de Jochenstein o Danúbio começou a se alargar e suas águas pareciam mais lentas. A raão apareceu pouco depois. Uma barragem que serve como usina hidroelétrica e eclusa para os navios causava essa mudança. A barragem causava um desnível de uns 15 metros no nível do rio. Alguns quilômetros abaixo comecei a escutar algumas frases em japonês. Eu fiquei uns 200 metros ouvindo as vozes até entender. Um grupo de canoas canadenses e caiaques desciam o rio com duplas em cada uma. Estavam fazendo um turismo bem diferente. Descer o Danúbio remando. Com uns 50 Km pedalados a fome começou a bater. Resolvi achar um banco com sombra e encontrei um local que tinha uma combinação perfeita. Um banco, uma sombra e um enorme castelo do outro lado do rio. Era a Fortaleza de NeuHaus . Do meu lado do rio tinha um camping. Sentei no banco e comecei a tirar o almoço. O sanduíche do café da manhã, azeitonas, umas bolachas e refrigerante. Tirei várias fotos do castelo quando olho para o lado esquerdo e vejo uma cena ótima. Mamãe Cisne e 4 filhotes que estavam trocando penugens resolvem sair da sombra que estavam na margem e ir desfilar á minha frente. Se eu fosse um compositor austríaco eu sinceramente criaraia uma valsa chamada a Dança dos Cisnes inspeiração não falta por aqui. Talvez criasse uma outra chamada Danubio VERDE. Que é a cor que se vê por aqui. Perto de Schloegen o rio faz um S para a esquerda e direita a partir dali as montanhas se afastam e campos e plantações aparecem ao lado do rio. Ao longo de todo o percurso é possível atravessar o rio em pequenos barcos que transportam pessoas e bicicletas para que possam mudar de rota. Custa em média, 2 euros por travessia. Poucas pontes cruzam o rio nesse percurso. Ao chegar na cidade de Aschach. Parei para comprar água e descidi atravessar para o outro lado. Faltavam 29 Km para Linz. Pelo guia, os últimos km no lado direito seriam na estrada. Atravessei a ponte, virei à direita e continuei a descida até Linz. Aqui o cenário mudou bastante. Muitas plantações e poucas árvores. O vento contra baixou a minha velocidade em 5 ou 6 Km/h Estava fazendo 20 ou 22 e agora não mais do que 16. Ao chegar na cidade de Ottensheim uma placa indicava 15 Km. As montanhas voltaram a se aproximar e os últimos km foram feitos com uma estrada e um trilho de trem entre a ciclovia e o rio. Passau Cheguei na cidade de Linz as 15 horas. Estava cansado, mas contente que o nariz e pernas aguentaram bem. Tomei um banho e fui fazer um city tour. Agora são 22:40. estou atualizando o blog e indo nanar. Amanhã tenho um percurso insano. Acho que eu eu errei nos cálculos, pois não faria uma malvadeza dessas comigo. Tenho que pedalar de Linz até Krems, que, segundo a ciclovia da 140 Km. A minha rota por estradas dava 115. Mas tenho que ir pelo guia. Pretendo estar pedalando as 7:15 da manhã.
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