quarta-feira, 2 de julho de 2008

Dia 18 Linz Krems

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Hoje cometi uma insanidade ao pedalar 140Km. Levei 11h20m. Foram 8300calorias. Depois de 100Km o joelho direito resolveu fazer greve. O sol e o forte vento contra contribuiram bastante para eu chegar acabado. Vou dormir agora, 21h e acordar o mais cedo possivel para evitar o sol. Amanha serao 80km ate Viena.


Definitivo

Dia 18 – Linz Krems

O dia anterior tinha sido muito bom. Cheguei cansado mas feliz por estar pedalando novamente. Os 94 Km do dia anterior se tornariam pouco diante do desafio do dia, 140 Km. Eu tentei me lembrar porque tinha esticado tanto a pedalada durante o planejamento da viagem.

Lembrei-me. Eu iria fazer uma parada em Grein antes de vir para Krems. Com a vinda do Renato e do Ferreira, precisaria encurtar 1 dia para estar em Viena no dia 3. Ai o genio do planejamento aqui, fez essa esticada.

Acreditem, no mapa e na tela do computador não dói nada. Tinha planejado sair muito cedo. Queria estar no máximo as 7:00 na estrada. Mas na noite anterior fiquei até tarde acordado e, embora tenha acordado as 6, só sai da cama as 7:00. Depois do café, com direito ao lanche do dia e um Donuts de chocolate de sobremesa, peguei a bicicleta na garagem do hotel, montei o selim e as 8:00 estava no Donauradweg ou ciclovia do Danubio.

Optei pela margem esquerda do Danubio, e após uns 15 Km Km acabei passando para a margem direita, mais por engano do que vontade. Devo ter perdido alguma placa e acabei cruzando o rio por cima de uma barragem em Abwiden. Os próximos 15 Km seriam afastados do rio, passando por cidades como Enns e St. Pantaleon. Esse trecho foi um pouco demorado, pois para cruzar Enns faltavam placas e acabei dando algumas voltas até achar a ciclovia. Em St Pantaleon, uma aldeia, comprei água e chocolate. Fiz a primeira parada do dia num banco ao lado de um riacho. De companhia tinha cinco enormes patos, parecidos com o Patolino, pretos e com uma gargantilha de outra cor no pescoço.

Analisei o mapa para ver se era melhor do outro lado, mas parecia a mesma coisa Passando por muitas plantações acabei encontrando uma vila que tinha uma plantação de girassóis. Lindos, todos voltados para o Sol pareciam saudar o viajante que alia passava.


. Continuei no lado direito passando por Wallsee e Ardagger Markt. Já era 12:20 quando achei um banco na sombra de uma casa. Parei, comi o lanche, o Donuts e tomei um refrigente que tinha comprado em St Panataleon. Que tinha limão, grass Lemon dizia o rótulo. Descobri que tinha mais gosto de grama do que de limão.

A nova bicicleta é como uma namorada nova, estava tentando entendê-la e me acostumar com ela. Seus pneus eram diferentes e entonavam um melodia só sua quando rolavam pelo asfalto. Quando fazia força no pedal, a música mudava, fica mais forte e com altos e baixos. São pneus para terra e não para asfalto. Fazem um barulho alto, que para mim é música, mas serve de aviso para os ciclistas que eventualmente encontro que antes da minha chegada já abrem espaço.

Hoje procurei manter um ritmo mais forte ficando sempre que possível a mais de 20Km/h. Nos campos isso era possível mas quando chegava às margens do rio, ele o famoso vento, reduzia 4 ou 5 Km minha velocidade.

Era Eolos, o deus grego dos ventos que estava ali para namorar a Ninfa do Danubio. Essa ninfa era como uma sereia que fica em algumas curvas do rio atraindo os mariheiros para as margens, aqueles que não resistissem ao seu chamado fatalmente acabavam batendo nas pedras e afundando.

Alias, essa ninfa aparecia para mim sob as mais divesas formas, tudo com a intençao de me reter. Uma hora na forma de um banco á sombra de árvores onde a temperatura era muito fresca, outra vez na forma de uma placa de Estação de trem, me convidando a abandonar a ciclovia. Malvados, ela e Eolos, ás vezes apareciam juntos.
Assim como Ulisses que na sua Odisséia colocou cera nos ouvidos para não escutar o canto das sereias, usei o que tinha disponivel, Me concentrei na estrada. No desejo de chegar, nas coisas boas que tinham acontecido e no que ainda teria pela frente. Uma mente ociosa é intrumento do demônio diz um ditado. Então tratei de preenchê-la. Pensando nas pessoas que gosto, Nos lugares que já havia passado, tudo para me incentivar a continuar a pedalada.

Ahhh, Eolos e a ninfa não estavam sós. A eles se juntou Hélios o deus Sol, que mais do que todos me castigava sem parar. Hoje foi o dia mais quente de todos. Acho que tinha consumido uns 4 litros de água.
Contudo, entre os 15 Km entre Ardagger Market e Ybbs pude pedalar boa parte na sombra das árvores. Em Ybbs passei para o lado esquerdo do rio e lá continuaria até chegar a Krems. Já tinha pedalado 80 Km e faltavam mais 60.

Naquele lado do rio a ciclovia corria a maior parte do tempo ao lado da estrada ou trilhos de trem. Quando cheguei em Poclam, com 100Km, o joelho direito voltou a se manifestar. Dali para a frente ele foi piorando e os últiimos quilometros foram pedalados com 75% de força na perna esquerda e 25% na direita.

Eu precisava chegar em Krems antes das 8 da noite. O hotel fechava a portaria nessa hora. Em Emmersdorf, ao lado de Melk, vi a primeira placa de Krems na ciclovia. 39 Km. Eram 4:30 da tarde.

Fazendo uma média de 15Km/h eu conseguiria. Pedalei até Spitz, 20 Km adiante e parei para descansar uns 15 minutos.

Nossa, eu já estava um trapo. Mais 20 Km eu estaria em Krems. Nos últimos km, passei por várias vilas que ficavam aciima do nível do rio, o que obrigava a subir pequanas encontas, que àquela altura se tornavam para mim maiores do que realmente eram.

Liguei o Motoquinho e fui brigando com ele pois ele, achando que eu estava num carro ficava recalculando a rota toda hora. Mas nos ultimos 3 Km eu estava nas ruas da cidade e bastou seguir suas orientaçoes para chegar ao hote. Cheguei as 7:30.

Fui para o quarto tomei banho e deitei para descansar. Não consegui mais levantar. Resolvi nem sair para jantar. Doia tudo. Atualizei o blog pelo celular, só para não deixá-los sem notícias.


Hoje foi um dia de superação. Hora a hora, minuto a minuto